sábado, 8 de março de 2008

O Sonho de Daniel - "Os 4 Animais"

Texto Base: Dn 7:1,28

Escatologia é à parte da teologia que trata das últimas coisas. A literatura apocalíptica (do grego APOCALIPSE - que significa “REVELAÇÃO”) é um fato bíblico do qual não adianta se esquivar. Há algumas décadas passadas, mais precisamente até meados do século XX, ainda era pouco estudado esse assunto, ou, pelo menos, não como deveria. Certos cristãos achavam mesmo desnecessário seu ensino em púlpito, e que deveria permanecer guardado em salas de seminários teológicos.
Jesus fala do “Princípio das Dores” (Mt 24:3,14 – Mc 13:1,13 – Lc 21:7,14) e alguns ainda não perceberam que tudo isso já começou. Estamos já vivendo os últimos dias da humanidade, como a conhecemos. O fim está próximo.
Mas assim como nos dias em que viveu Noé, onde todos onde todos viram ele e seus filhos construindo a Arca, e não deram crédito às suas palavras e nem aos sinais, antes zombavam e tripudiavam, continuando cada um na sua iniqüidade, assim o povo de hoje, teima em não ouvir o óbvio: “JESUS ESTÁ VOLTANDO”.
A Bíblia relata acontecimentos e sinais que predizem tanto a primeira quanto também a segunda vinda do Jesus, onde o Senhor virá levar sua noiva (a Igreja) e aniquilar o poder de Satanás e do pecado.
Tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento, temos uma exposição de fatos e eventos que nos apresentam uma seqüência ordenada de acontecimentos que se cumpriram ou ainda hão de se cumprir até a volta do Senhor.
Daniel é um dos livros apocalípticos do Antigo Concerto. A “Bíblia de Estudos das Profecias”, nos traz uma divisão bem detalhada desse livro:

1. A história pessoal de Daniel: (1:1, 21);
2. O plano profético para os gentios: (2:1 a 7:28);
3. O plano profético para Israel: (8:1 a 12:13).

Nossa atenção especial nesse estudo será sobre a profecia referente ao capítulo quatro, e sua relação direta com a profecia do capítulo dois (a estátua que uma pedra destruía).
De modo mais sucinto, para título de divisão em tópicos, temos a seguinte partição:

* O Sonho:
1. O surgimento dos quatro animais: 7:1, 8;
2. A visão do Tribunal e o Julgamento: 7:9, 12;
3. A vitória do Filho do Homem: 7:13, 14.

* A Interpretação do Sonho:
1. A interpretação dos quatro animais: 7:15, 18;
2. O quarto animal e o chifre pequeno: 7:19, 25;
3. O Julgamento do Grande Tribunal _ O Reinado Eterno de Cristo: 7:26, 28.

Analisando os animais segundo uma visão histórico-profética, temos:

* Leão com asas de águia e mente de homem.

Representa a Babilônia, que dominou os hebreus de 586 AC a 539 AC. Conforme certos achados arqueológicos, essa figura leonina alada era uma espécie de símbolo nacional, que era representada por uma figura com cabeça humana e corpo de leão. Representava o régio poder. As asas de águia (considerava-se a águia, a rainha das aves), representam o poderio do rei Nabucodonozor especificamente. Quando as asas são retiradas, representa basicamente o que aconteceu com o rei que foi retirado do seu poder e se tornado como as feras do campo (capítulo quatro). Interliga-se com o sonho da estátua, no tocante à cabeça de ouro (capítulo dois).

* Urso que se levantou sobre um dos lados, com três costelas na boca.

Representa o império Medo-Persa, que subjugou a Babilônia. O levantar-se sobre um dos lados representa que um dos lados desse duplo império se sobressairia ao outro, como de fato aconteceu, pois a elite dessa nova potência vinha da Média (Dario, o Medo, também chamado CIRO, era da Média e foi o primeiro imperador desse império). As três costelas representam as três potências conquistadas por ele (Babilônia, Lídia e Egito).

* Leopardo com quatro cabeças e quatro asas.

Representa o império grego de Alexandre Magno, conquistador macedônico. As quatro asas são seus quatro generais (Lisímaco, Cassandro, Seleuco e Ptolomeu) que ligeiramente dominavam o mundo na faixa que incluía a região da Grécia, Egito e até a Índia. Após a prematura morte de Alexandre, os quatro generais foram os quatro cabeças de quatro dinastias que surgiram da fragmentação do império do jovem conquistador, a saber:

1. Lisímaco: Ficou com a Trácia e a Betínia;
2. Cassandro: Ficou com a Grécia e a Macedônia;
3. Seleuco: Ficou com a Babilônia e a Síria;
4. Ptolomeu: Ficou com a Palestina, Egito e Arábia.

Dois desses generais nos chamam especial atenção pelos expoentes que houve em suas descendências. Historicamente, temos o seguinte:

=>Seleuco: Originou a dinastia Seleucida, que teve um dos destaques em Antioco IV Epífanes, cuja história é relatada no livro apócrifo de I Macabeus. É uma prefiguração do Anti-Cristo, pois ofereceu sacrifícios pagãos no Templo de Jerusalém com carne de porco (animal impuro pelas leis mosaicas) e colocou imagens de Júpiter Olímpico (Zeus, para os gregos) no interior do Templo, conforme profetizado por Daniel no capítulo nove, verso vinte e sete (O Abominável da Desolação).

=>Ptolomeu: Teve destaque em uma descendente sua de nome Cleópatra, amante de Julio Cesar, e após o assassinato deste, de Marcos Antônio, ambos generais e figuras de grande vulto do então poderoso império romano. Suicidou-se com a picada de uma Áspide.

* Animal terrível, espantoso, sobremodo forte, com unhas de bronze e dentes de ferro, com dez chifres grandes e um pequeno que derribava três dos maiores e proferia blasfêmias.

Representa o Império Romano, que esmagava, devorava, fazia em pedaços e pisava aos pés o que sobejava. Conquistava tudo com as armas de ferro e nada poupava.
Os dez chifres (na simbologia hebraica, chifres representam força e poder como o de um touro), representam dez reinos com dez reis que surgirão com a fragmentação do império romano. É importante notar o fato que por aproximadamente mil e quinhentos anos, o total de nações e potências que tem coexistido no território do antigo império, sempre foi em número de dez, aproximadamente.
Como uma continuação da civilização romana, esses reinos ou nações coexistirão entre o primeiro julgamento (versículo nove), a vinda de Cristo, e o segundo julgamento (versículos treze e quatorze).
O Dr. J. Dwight Pentecost, faz a seguinte análise desse trecho de Daniel:

1. O fato dos dez reinos com dez reis se levantarem do quarto império, parece indicar que o quarto animal, no caso, o império romano, não deixou de existir. Recomeçando tudo na Europa, como antes.

2. Dentre esses dez reinos se levantará um indivíduo (o chifre pequeno – O Anticristo) que terá domínio total sobre os dez reis (Dn 7:8, 24 – Ap 13:1, 10 – 17:3). Quando ele conquistar sua autoridade, três dos dez reis serão derribados. Essa autoridade final sobre o “Império Romano” renascido, será exercida por alguém que é marcado pela blasfêmia, pelo ódio ao povo de Deus, pelo desprezo à lei e à ordem estabelecida, o qual continuará por três anos e meio (Dn 7:26). Essa forma final de poder mundial afetará todo o globo terrestre.
Mais à frente, Daniel faz mais uma alusão ao Anticristo, como o “Príncipe que há de vir” (Dn 9:26). Para ressaltar sua forma enganadora, João o representa como o Cavaleiro Branco, o primeiro dos quatro cavaleiros do apocalipse (Ap 6:2).

No final da visão, Daniel vê um ANCIÃO DE DIAS (que simboliza o Senhor, Deus de Israel), em cujas mãos está o tempo. A cena é a do Julgamento, também descrita em Ap 4:3 a Ap 5:14.
A visão de seu Trono, com rodas, todo ele em Fogo e Chamas Ardentes, simboliza como O Carro de Batalha do Senhor.
Os livros que foram abertos designam todo o registro perpétuo da humanidade. Dos Céus, vinha com as nuvens, um como O Filho do Homem, título pelo qual João representa o Senhor Jesus, tanto em seu Evangelho como em Apocalipse.
Ele se dirige ao Ancião de Dias, e lhe é dado o Domínio, a Glória e o Reino, ou seja, para toda a eternidade, povos, línguas e nações servirão ao Cordeiro de Deus, que venceu a morte, e comprou com o seu Sangue, todos os que se chamam pelo seu Nome.

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